quinta-feira, 17 de maio de 2012

Cinco Anos Depois...

O dia 12 de maio daquele ano nos presenteou com um sábado muito bonito e um céu totalmente azul para receber o Papa Bento XVI. Vista pelo mundo neste dia especial, a minha vizinha Potim recebeu e acolheu, de forma calorosa, centenas de visitantes do Brasil e de vários países. Já nas primeiras horas da manhã havia no ar um clima festivo e contagiante. Na noite anterior, tinha acontecido na Praça Francisco de Assis Galvão (Raspadão) uma grande missa campal em louvor à beatificação de frei Galvão, o santo brasileiro, que provavelmente também deve ter passado pela cidade de Potim.
Neste ponto, não posso deixar de recordar um convicto morador. Ele sempre me para pelas ruas e reclama que quer uma reportagem para dizer que frei Galvão foi batizado em Potim.
Também visitei o Centro Paroquial, local que abrigava centenas de pessoas de várias cidades, tanto brasileiras quanto de outros países da América Latina. Por lá, esses visitantes se reuniam para alegres cantorias ao som dos violeiros da cidade de Mauá, sempre acompanhados dos fortes e bravos vocais paraguaios e argentinos que, ao menos dessa vez, não eram nossos adversários em futebol e, sim, nossos irmãos na mesma fé. Tudo se traduziu em um belo coral de cantos religiosos e, por que não, populares. De forma inteiramente espontânea, uma verdadeira festa de nações ocorria durante as hospedagens. Aos hóspedes foram carinhosamente oferecidos café, almoço e jantar, tudo sem custo. Pude perceber que o que se destacava era a gentileza do povo do interior, o amor dos membros das pastorais que passaram a madrugada aguardando o dia clarear para melhor “servir e acolher”.
No Raspadão, lugar de destaque, foram instaladas supertendas para proteger do sol, além de alas especiais para idosos e água gratuita para todos, pois o dia prometia muito calor. No palco decorado com cores dourada e branca, jovens exaltados e emocionados também cantavam o Hino do Papa (“Bem-vindo o que vem em nome do senhor''). Cantavam e exaltavam: “Bento é mais que dez!!, Bento é dezesseis!!”. Padre, prefeito e outros políticos também se faziam presentes. O sol brilhava. Na pele do rosto, suores se misturavam com lágrimas de emoção. Com semblantes alegres, adultos e crianças balançavam as bandeirinhas de tons azuis, saldando como irmãos à porta de casa à espera do pai. “Ontem eu vi o Papa em Aparecida. Parece um santo”, dizia uma senhora que estava ao meu lado. Na feliz espera, grandes aves pairavam sobre a praça: lentes que registravam e vigiavam os ingênuos movimentos.
E lá veio o comboio. Minutos depois, outra voz: – Ué... Ele já passou? Tudo deu certo naquele inesquecível e histórico sábado de 12 de maio de 2007. Prova de que para acolher bem basta organização, preparação e, principalmente, ação conjunta, Potim, município-menino, cidade à época de apenas 16 anos, destacou-se como a cidade mais acolhedora dos irmãos latinos... Feito que somente um hotel com “16 estrelas” pode oferecer.
Pensei: naquele tempo, quando isso começou na tão distante Jerusalém, com um homem de pura simplicidade e bondade, sem arrogância... Isso sim é bonito. Potim, no próximo dia 19 de maio, completará sua “maioridade”, ou seja, 21 anos de emancipação. Parabéns!! E que o Papa volte...
Lembrei-me então, daquela voz “Ué... Ele já passou?”. Sim, passou. Mas, quem ele representa já está tão perto de nós. E, às vezes, nem percebemos... Cinco anos depois.

Arte em muros na entrada de Aparecida.

A Academia Happy Day de Aparecida, com a consciência do melhor paisagismo em muros do seu prédio, convidou artistas da região para criarem...

Lançamento do Livro "Pelos Caminhos da Estrada Real"