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Piquete 121 Anos (Reinaldo Cabral)
Quando alguém da região e de outras
cidades se recorda de Piquete, provavelmente a maioria deve lembrar-se do “Pico
dos Marins” e do enigmático caso do desaparecimento de um menino escoteiro, até
hoje não desvendado, ou associar a cidade a IMBEL –
“Indústria de Material Bélico do Brasil”, a qual foi a grande responsável pela
estruturação da cidade no inicio do século XX, empregando milhares de seus moradores
e também de outras vizinhas, vivendo assim várias décadas de glórias, quando
foram erguidos muitos edifícios em estilo neocolonial, como cassinos, clubes recreativos,
prédios educativos e outros que serviram de cinemas. Sob a influência militar
que imperava na cidade por ser uma área considerada de segurança, alguns
prédios desses, atualmente, estão cedidos à municipalidade.
Uns dos mais conhecidos da região que
se tornou cartão postal da cidade é o
“Clube Elefante Branco”, o qual acolheu muitos valepaibanos em
seus grandiosos eventos. Este prédio de propriedade da IMBEL esteve cedido à
prefeitura que o revitalizou na gestão municipal de 2005 a 2008. Porém, o tempo
foi implacável com o “Tradicional Elefante Branco” e hoje, novamente abatido e
alaranjado, está com suas portas fechadas. Na área interna da IMBEL estão
outros prédios entre os quais o Memorial Rodrigues Alves, em ótimo estado de
conservação, com mostra de antigos equipamentos de produção bélica e uma linha
de tempo com fotos à disposição dos turistas.
Não temos informações de leis de
proteção e preservação visual aos prédios externos da área
da IMBEL, os quais são um patrimônio cultural e histórico para a região e ao
Brasil.
O tempo segue, a fábrica de Pólvora já não emprega os quase 5 mil profissionais de uma cidade que tinha 15 mil habitantes nos meados do século XX. De forma natural, por sua beleza e proximidade com a Serra da Mantiqueira, a cidade é reconhecida como “Cidade Paisagem”. Além de seus amplos aspectos culturais baseados em sua origem, através de suas trilhas para os que vinham do estado de Minas Gerais e se aportavam na cidade, portal do vale do Paraíba, foram-se agregando elementos e surgindo suas referências culturais espontâneas e assim surgindo suas tradicionais festas, tanto as das devoções aos santos quanto as profanas. E os cavaleiros, sempre associados a esse cenário.
Surge, então, a Festa do Tropeiro, que
é realizada no mês de julho, ligada com a Festa do Peão intitulada de
“Piquetão”. Essa última, mais de aspecto comercial, porém bem aceita e
compreendida, com seus shows e artistas sertanejos e pops de plantão, com suas
cervejas e calabresas.
Ainda na área cultural, a cidade de Piquete realiza uns dos eventos carnavalescos dos mais diferenciados, com os tradicionais “Boizinhos de Piquete”, quando a criançada corre pelas ruas com fantasias de “cabeças de bois”. Evento esse que conta ainda com blocos e pequena escola de Samba, cujos enredos sempre foram associados à vivência e história locais. A cidade recebe milhares de visitantes no período carnavalesco.
Entre as demais demonstrações culturais
estão os Grupos de Jongo, a tradicional Festa de são Miguel, padroeiro da
cidade, as festas dedicadas aos santos, os
eventos religiosos, corpus christi e outras.
Ultrapassando as abóbodas do Pórtico, o visitante se aporta na tradicional Praça “Duque de Caxias”, com seus quiosques, suas palmeiras e aquele tranquilo banco interiorano, ao lado do recinto de eventos, com 16 mil metros quadrados e sua boa infraestrutura. Pousadas e bons restaurantes estão a serviço dos turistas. Por fim, cidade de gente acolhedora, que se projeta para o futuro como município de fortes elementos turísticos, está inserida no "Circuito Mantiqueira". No esporte regional foi representado pelo futebol do “Estrela” com suas memoráveis jornadas esportivas. Atualmente, tem um filho ilustre no esporte nacional, o Jogador de futebol “Triguinho”, o que jogou em clubes internacionais e nos nacionais mais reconhecidos. Por fim, mais uma cidade do Vale do Paraíba que inspira as crônicas, que sempre trazem uma antiga estação ferroviária, guardando suas pitorescas histórias romanceadas ou as duras despedidas de seus heróis que enfrentaram, nas trincheiras, as explosões e o fogo do “Dragão”. Porém, a linha férrea que conduz a essas lembranças... Hoje está apenas nas memórias... Os ferros e os dormentes dessa trilha... o “tempo levou” e se descuidarem levam os que ainda restam! |
terça-feira, 19 de junho de 2012
edição 85
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